A população tem descumprido
os decretos municipais que estabelecem horários diversos para o início
da jornada de trabalho de diferentes categorias profissionais, medida
adotada pelo prefeito Marcelo Belinati (PP) com o objetivo de evitar
aglomerações nos terminais de transporte coletivo e a lotação dos
veículos. A reclamação foi feita a vereadores por representantes da
Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) e das empresas de
ônibus que atuam em Londrina, durante reunião da Comissão de
Administração, Serviços Públicos e Fiscalização para discutir Transporte
Público em Tempo de Pandemia de Covid-19. O encontro foi realizado de
forma remota na tarde de quarta-feira (8), com transmissão ao vivo pelo
site da Câmara Municipal de Londrina e pelos canais do Legislativo no
Facebook e Youtube.
Segundo o diretor de
Transporte da CMTU, Wilson de Jesus, o escalonamento não foi efetivo, em
razão do desrespeito às regras. Com o descumprimento, continuam
ocorrendo picos no fluxo de passageiros, dificultando o distanciamento
entre as pessoas. "Detectamos um grande número de pessoas que trabalham
no comércio e no setor de serviços, que deveriam ir ao local de trabalho
perto do horário da abertura, mas chegam antes. A orientação dada pelos
empregadores aos funcionários é para que cheguem antes da abertura", relatou. O descumprimento aos horários estabelecidos também foi
apontado pelo gerente da empresa Londrisul, Marildo Teixeira Lopes, e
pelo promotor Miguel Sogaiar, da Promotoria de Defesa do Consumidor do
Ministério Público do Paraná. Conforme decretos municipais, os
estabelecimentos prestadores de serviços e os empregados que prestam
serviços domésticos devem iniciar as atividades às 9 horas. O comércio
varejista deve abrir às 10 horas e os shoppings e galerias, às 11 horas.
Representantes da Londrisul e da
Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL) disseram que houve queda
acentuada no número de passageiros com a pandemia e solicitaram socorro
financeiro do Poder Público para as empresas. "Acabamos de assinar um
contrato, em 2019, e lá estava previsto um número de passageiros a serem
transportados. Em abril deste ano, trabalhamos com 22% do total de
passageiros previstos. Em dias bons, transportamos 38%, não passa
disso", afirmou Rodrigo Aparecido de Oliveira, diretor-geral da TCGL.
"Transportávamos cerca de 120 mil passageiros por dia, hoje
transportamos aproximadamente 50 mil. Temos 38% da demanda, com o uso de
80% da frota [para manter o distanciamento social]", disse o gerente da
Londrisul, Marildo Teixeira Lopes.
Para
Oliveira, da TCGL, as empresas precisariam receber um auxílio
emergencial do Poder Público para reequilibrar as receitas e despesas e
manter o negócio ativo. "Se não houver um custeio emergencial, vamos
chegar ao final do ano com uma tarifa monstruosa. Tivemos uma pequena
redução no custo, mas vivemos hoje com 38% da nossa receita", afirmou.
O
promotor Miguel Sogaiar disse compreender as dificuldades econômicas
provocadas pela pandemia e ressaltou que a CMTU e as empresas de ônibus
cumpriram diversas recomendações feitas pelo Ministério Público, como
higienização dos veículos e terminais e exigência de uso de máscaras.
Mas afirmou que será preciso aumentar o número de ônibus em circulação.
"Antes dessa paralisação [das atividades não essenciais] determinada
pelo decreto estadual, continuávamos a receber reclamações. É preciso
que, na retomada, as empresas aumentem a frota, para que tenhamos o
mínimo de aglomeração possível", recomendou.
Encaminhamentos
Vice-presidente da Comissão de Administração, Serviços Públicos e
Fiscalização, o vereador Amauri Cardoso (PSDB) ressaltou que o problema
do transporte público na disseminação do novo coronavírus é discutido no
mundo inteiro. "Com o retorno das atividades econômicas e com maior
circulação de pessoas, todos os países enfrentam ônibus, trens e metrôs
lotados. Essa questão passa também pela própria conscientização de
patrões e empregados. De um lado, quem utiliza o transporte precisa
esperar por um veículo mais vazio. Por outro, os empregadores devem ter
bom senso e entender eventuais atrasos e até mesmo flexibilizar os
horários de seus funcionários, com escalas", afirmou. Segundo ele, neste
momento, o transporte coletivo deveria ser tratado como questão de
saúde pública. "Queremos que as empresas conversem com o Executivo. Essa
comissão estará acompanhando e vamos torcer para que a questão seja
resolvida o mais rápido possível", disse. Além de Amauri, a comissão é
formada pelos vereadores Vilson Bittencourt (PSB), como presidente, e
Estevão da Zona Sul (PL), como membro.
CÂMARA MUNICIPAL DE LONDRINA ASCOM JORNALISMO Funcionamento: 13h às 19h. E-mail: imprensa@cml.pr.gov.br Redação Marcela Campos MTB 6.229 PR